'Hoje o Palmeiras voa em céu de brigadeiro', afirma Brunoro.


José Carlos Brunoro está de volta. Pelo menos pelos próximos três meses, tempo estipulado para sua empresa, a Brunoro Sports & Marketing, desenvolver um planejamento estratégico para o Santos. Após ganhar projeção nacional como diretor-executivo do Palmeiras na década de 90, quando vingou a parceria com a Parmalat, Brunoro passou por Audax e Rio de Janeiro (times de futebol do Grupo Pão de Açúcar), além de atuar como diretor-técnico da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) entre 2009 e 2011. Um ano depois, a convite de Paulo Nobre, retornou ao Palmeiras, mas sem o mesmo sucesso de antes. No final de 2015, ainda atuou como diretor-executivo do Brasília FC, que pela primeira vez em sua história disputou um torneio internacional. No papo com o Esporte Final, Brunoro fala sobre o novo projeto com o Santos, o desgaste sofrido em sua última passagem pelo Palmeiras e avisa: “Já estou pronto para voltar, mas não mais como CEO”.

Como surgiu o convite do Santos?

O Santos me procurou para montar um planejamento estratégico a longo prazo de várias áreas dentro do clube. Futebol, marketing, financeiro, categorias de base.

De alguma forma você vai participar de decisões do departamento de futebol?

Não. a Brunoro Sports & Marketing está lá como consultoria estratégica e pela experiência que tem com o mundo esportivo. É um trabalho macro, de três meses apenas. Ao final, entregaremos um plano com a avaliação completa e estabelecendo algumas recomendações ao clube.

Qual o tamanho da equipe envolvida nesse projeto?

Comigo, são quatro pessoas envolvidas no projeto, com uma pessoa que fica no clube para o trabalho do dia a dia de entrevistas e levantamento de informações.

Qual o valor que a Brunoro Sports & Marketing receberá por este trabalho?

Não divulgamos essa informação.

E quando você pretende voltar para um cargo fixo num clube?

Já estou pronto para voltar, mas não mais como CEO. Quero atuar como diretor de futebol e aí montar todo um departamento. Estava no Brasília agora, onde fizemos todo um trabalho de estruturar o time para disputar a Copa Sul-Americana [o time foi eliminado pelo Atlético-PR na segunda fase da competição].

O que mais te desagradou na experiência como CEO do Palmeiras?

Pouca gente sabe, mas eu era responsável por diversas áreas dentro do Palmeiras, mas fiquei marcado apenas por decisões ou resultados do futebol. O desgaste é muito grande, tem toda uma carga política pesada.

Saiu do Palmeiras chateado com a direção?

Não, nada disso. Meu contrato se encerrou e não foi renovado. Na época o Paulo Nobre até deu entrevista agradecendo por todo o trabalho realizado. Mas eu já estava no meu limite também.

E como você enxerga o Palmeiras atualmente?

Hoje o Palmeiras voa em “céu de brigadeiro”. Tem dinheiro, dívidas sendo quitadas, pode montar um elenco grande, contratar um ou outro jogador de forma emergencial. Eu não tinha isso disponível na época. E para montar um time forte, você precisa de todo esse suporte financeiro.

Qual a sua avaliação sobre esta debandada de jogadores para a China?

É algo incontrolável. O dinheiro que oferecem vai muito além do que os clubes daqui podem pagar. Entretanto, mais importante do que impedir as saídas é ter um plano para reverter isso. E aí as categorias de base são o caminho para repor algumas perdas, desde que você já comece a estruturar isso antes. Na época da Parmalat, isso acontecia bastante. Saia um “medalhão” do Palmeiras e a gente já tinha pronto outro jogador para ocupar o lugar.

O Santos investiu esse ano na fabricação própria de camisas e fechou os direitos de transmissão com o Esporte Interativo. Qual a sua visão sobre essas mudanças e a entrada de outros players no mercado?

Difícil eu falar pois não sou funcionário do Santos, e sim uma empresa contratada para prestar um serviço específico. Mas esta questão de cotas de TV, por exemplo, é algo fundamental para o planejamento dos clubes e a gente nota que as discussões começam a tomar novos rumos, o que pode ser positivo para o futebol brasileiro como um todo.
Fonte: LanceNet!

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